O Que Fazer Quando O Orgulho Domina O Crente?

Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança. (I Sm 2:3)

O orgulho é um tipo de pecado do qual ninguém escapa. Num grau maior ou menor, todos têm problemas com ele. O apóstolo Tiago declara: ... todos tropeçamos em muitas coisas (Tg 3:2). A posição de Deus sobre o orgulho é de total reprovação, ao mesmo tempo em que a atitude de humildade é por ele aprovada e recomendada: ... no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça (I Pe 5:5). Invariavelmente, a maioria dos seres humanos considera-se humilde. À exceção de cristãos genuinamente convertidos, raramente vemos alguém admitir que seja orgulhoso. O que vemos, com normalidade, é a admissão do “lado bom” do orgulho ou, como se diz popularmente, o orgulho de ser brasileiro, o orgulho ser cristão, o orgulho de ser honesto, etc. O que não vemos é a confissão do orgulho pecaminoso que nos leva à auto-exaltação, que nos coloca em posição superior e cria em nós uma maneira de viver baseada na arrogância e na soberba. Conquanto o orgulho seja algo inerente à natureza humana, Deus não nos deu esse deplorável defeito. A Bíblia Sagrada declara que o Senhor nos fez perfeitos. Porém, o pecado deixou-nos cheios de problemas. O orgulho é um dos mais abomináveis a Deus. Eu odeio o orgulho e a falta de modéstia, diz o Senhor (Pv 8:13 – NTLH). O orgulho é a exaltação do eu. Sendo assim, a pessoa orgulhosa não admite, mas vê as demais pessoas pequenas e enxerga Deus menor do que ele é. Num estágio avançado do orgulho, deixa-se de acreditar nas pessoas e na existência de Deus. De fato, o orgulho é a maior barreira entre o homem e o homem e entre o homem e Deus, porque gera incredulidade, tanto na humanidade quanto na divindade. A experiência de vida mostra que as pessoas suportam quase todos os erros uns dos outros, mas detestam o orgulho. Dependendo do erro, elas até se mobilizam em favor do outro, mas o orgulho é rechaçado.

No dizer do escritor cristão Josh McDowell, o orgulho é inimizade entre homem e homem e inimizade com Deus; “é o mais completo estado de alma anti-Deus” [MCDOWELL, Josh. Céticos que Exigem um Veredito. São Paulo: Candeia, 1999 pag.31]. A pessoa dominada pelo orgulho, do alto de sua presunção, acredita apenas em si mesma, e, por isso, não consegue ver que Deus é [imensamente] maior do que as criaturas humanas (Jó 33:12 – NTLH). Quem se vê além do que realmente é, não conhece a si mesmo nem a Deus. Em Deus, você encontra “algo que é em todos os aspectos imensamente superior a você mesmo” [MCDOWELL, Josh. Céticos que Exigem um Veredito. São Paulo: Candeia, 1999 pag.31]. McDowell declara que o orgulhoso “está sempre desprezando as coisas e as pessoas; e, naturalmente, enquanto você se sentir superior, não pode ver algo que está acima de você” [MCDOWELL, Josh. Céticos que Exigem um Veredito. São Paulo: Candeia, 1999 pag.31]. Não se comete nenhum erro doutrinário em se afirmar que o orgulho é o pecado que conduz aos outros pecados. Não se erra também ao dizer que “o orgulho é um câncer espiritual; [que] devora toda a possibilidade de amor, de contentamento ou até mesmo de senso comum”. [MCDOWELL, Josh. Céticos que Exigem um Veredito. São Paulo: Candeia, 1999 pag.31-32]. O orgulho veda os olhos, a mente, o coração, os sentidos humanos. Ele não permite que vejamos nossas misérias, nossos pecados, nossas incoerências, nossa necessidade de Deus; tampouco nos deixa ver a bondade, a misericórdia, o amor, a graça, a justiça, a salvação de Deus.

O orgulho mantém-nos completamente afastados de Deus. Deus sabe que a morte é o último e poderoso inimigo que será vencido (I Co 15:26); contudo, para aplicar a salvação realizada por Cristo Jesus, o Espírito Santo é ciente de que tem um embate violento e constante contra o orgulho humano. Nessa luta, o Espírito Santo, cheio de amor, se levanta contra nós; e nós, cheios de orgulho, nos levantamos contra ele (cf. Gl 5:15). Ele nos ama, mas o orgulho não nos deixa ver seu amor; por isso, ele se levanta contra nós, a fim de nos vencer, e, só assim, vencidos, entendemos sua atuação salvadora e consoladora. O orgulho, por assim dizer, é encarado por Deus como um poderoso inimigo a ser vencido diariamente na vida das pessoas que já foram lavadas e redimidas pelo sangue do Senhor Jesus Cristo. O Senhor nos ama, mas esse defeito que em nós habita é, para ele, abominação, e a persistência nesse pecado é mortal: O SENHOR detesta todos os orgulhosos; eles não escaparão do castigo, de jeito nenhum (Pv 16:5 NTLH). Vê-se, claramente, o aborrecimento divino com a autoglorificação, a vanglória, a altivez pessoal. A postura divina é de resistência à pessoa orgulhosa; favor nenhum terá de Deus quem se elevar, pois é garantido que Deus resiste aos soberbos; contudo, aos humildes concede a sua graça (I Pe 5:5b). Não seria esta uma das razões de muitos irmãos terem excessos de problemas em suas vidas? Não pode haver infelicidade maior do que viver sem o favor do Senhor. Imagine Deus resistindo em abençoar sua vida! Antes de você dizer que esse não é o seu caso, que você não é soberbo, que Deus não lhe resiste, faça esta oração: Examina-me, SENHOR, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos (Sl 26:2).

O escritor Max Lucado afirma que Deus odeia o orgulho, porque nós não temos feito nada que possa nos dar o direito de sermos arrogantes. Com base no Salmo 23, ele declara que somos apenas ferramentas nas mãos do Criador: Ele me faz, ele me guia, ele refrigera a minha alma, ele está comigo, a sua vara e o seu cajado me consolam, ele prepara uma mesa, unge a minha cabeça. Tudo isso é feito não por causa do “nosso” nome, mas por amor do seu nome [de Deus]. Então, quem merece os aplausos? [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.81]. Paulo responde: ao Deus único e sábio seja dada glória (Rm 16:27). Lucado explica por que tudo é feito para a glória de Deus. Não é porque Deus tem problema de ego; nós é que temos, porque não sabemos lidar com aplausos, elogios, créditos, reconhecimentos. “Não nos contentamos com um pouco de adulação. A exaltação aumenta a nossa cabeça e encolhe o nosso cérebro, e logo começamos a pensar que temos algo a ver com a nossa sobrevivência” [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.82]. No topo, esquecemos facilmente que somos pó, que somos pecadores resgatados que voltarão ao pó. Não é por capricho que Deus, por intermédio de sua palavra, se levanta com força contra o pecado do orgulho; ele se apressa em mostrar o fim da pessoa arrogante: O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça (Pv 16:18 – NTLH). Não querendo que esse seja o nosso fim, o Senhor aconselha: Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança (I Sm 2:3). Mais do que palavras, devemos evitar atos orgulhosos: Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios (Fp 2:3a – NTLH).

A contrapartida para que a resistência de Deus contra o orgulho seja quebrada é a prática da humildade, o viver humilde, que caracteriza a vida de Jesus (Mt 11:29); afinal, ainda que o SENHOR é excelso, atenta para o humilde (Sl 138:6 – RC). Ele abaixa quem se exalta e exalta quem se abaixa (Lc 18:14; cf. Is 57:15, 66:2; Pv 11:2; Sl 25:9; I Pe 5:5). A propósito disso, Lucado nos lembra que João, o batista, era consangüíneo de Jesus e foi o primeiro evangelista da história. “Contudo, ele é lembrado nas Escrituras como aquele que disse: ‘É necessário que ele [Jesus] cresça e que eu diminua’ (Jo 3.30)” [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.83]. Deus ama a humildade.

PROCURANDO A MUDANÇA

Avalie a si mesmo e não leve o sucesso tão a sério - A pessoa humilde não é aquela que vive dizendo “não sei”, “não sou capaz”, “não consigo”. Humildade não significa incapacidade, mas a certeza do que se pode realizar. Por isso, a palavra de Deus alerta: ... não se achem melhores do que realmente são (Rm 12:3 – NTLH). Esse “realizar”, contudo, precisa ser absorvido com moderação, com a certeza de que a estrutura de quem “chegou lá”, de quem “venceu” não deixou se ser pó, frágil, quebrável (cf. Dt 8:13-14; Ec 5:15; II Co 4:7). Portanto, não se subestime nem se superestime; e, quando realizar seus sonhos, declare: “Bendito seja o Senhor!”, em vez de “Bendito seja o meu nome!” [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.83-84].

Valorize o trabalho dos outros e não exija deferência - Ninguém se torna artilheiro, cestinha, recordista, sem um time. E mais: Os incentivos da arquibancada, às vezes, são decisivos. A busca isolada pelo primeiro lugar resulta em humilhação (Lc 14:10). Por isso, quando você vencer, valorize o trabalho de cada um como se fosse superior ao seu (Fp 2:3). No melhor de sua vida, porte-se quieto, não louve a si próprio, nem exija deferência; no tempo certo, ela virá: Seja outro o que te louve, e não a tua boca; estrangeiro, e não os teus lábios (Pv 27:2). Desta forma, aplauda seus companheiros e não fale favorável a si mesmo; deixe que os outros o louvem [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.84-85].

Não se gabe antes da vitória e fale dela com humildade - A história humana revela exemplos de pessoas que foram a um evento, a um desafio, a uma disputa, repletas de autoconfiança e voltaram humilhadas. Certa vez, Acabe alertou o rei da Síria: ... um verdadeiro soldado se gaba depois de uma batalha e não antes (I Rs 20:11 – NTLH).
Lucado lembra do jovem ministro treinado por Charles Spurgeon, que subiu a pregar, cheio de autoconfiança, e desceu cabisbaixo. “Se você tivesse subido como desceu, teria descido como subiu”, disse-lhe o mestre.
Está você próximo de um grande êxito? Contenha-se! Deixe-o chegar. E fale dele com humildade. Não fiquem contando vantagens e não digam mais palavras orgulhosas (I Sm 2:3a – NTLH) [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.85].

CONCLUSÃO

Você quer realmente mudar? Você se reconhece orgulhoso e deseja abandonar esse grave pecado? Se quiser mudança, o melhor lugar para receber auxílio é ao pé da cruz de Cristo. Ali, o Rei do universo mudou a sua história, porque a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2:7-8). Se quiser mudança, esqueça a glória pessoal; faça como Paulo: Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo (Gl 6:14). Em vez de gabar-se, de seus próprios feitos, gabe-se do que Cristo fez por você, na cruz [LUCADO, Max. Aliviando a Bagagem. São Paulo: CPAD, 2004 pag.86].

Que Deus nos abençoe!
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DEC - Pr. José Lima de Farias Filho

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