Por que eu apaguei fotos e vídeos dos meus filhos da internet
Por Ryan McLaughlin via Gizmodo
Há cerca de uma semana comecei a apagar todas as fotos e vídeos dos meus filhos que estavam na internet. Não foi uma tarefa nem um pouco fácil. Como muitos pais, compartilhei orgulhosamente cada um dos passos e marcos que eu e meus filhos demos no caminho.
Para ser sincero, além de definir permissões de privacidade no Facebook, não me preocupava muito ao compartilhar fotos dos meus filhos com a internet. Mantenho este blog (em diversos formatos diferentes) há quase uma década, e compartilhar coisas nele foi basicamente o que fiz nesse tempo. É meio que a essência dele. E, nos últimos anos, passei a escrever menos e postar mais no Facebook, mantendo o pensamento de “minha vida é um livro aberto” na rede social.
Minha visão sobre o compartilhamento de fotos das crianças era sempre das vantagens de ter uma maneira simples e centralizada de mostrar o crescimento delas para parentes que estão a milhares de quilômetros de distância, e isso superava a ameaça de pessoas estranhas terem acesso a elas.
Meses atrás li a opinião de Jeremy Goldkorn sobre o assunto. O artigo em si é ótimo para refletir, mas foi o seguinte trecho que fez mais sentido para mim:
Nos meses seguintes, retornei ao tópico algumas vezes e passei a questionar mais essas coisas. Em resposta a Jeremy, John Biesnecker colocou o seguinte ponto em discussão:
Claro que orgulho do desenvolvimento dos seus filhos é um dos melhores orgulhos que uma pessoa pode ter. Mas depois de colocar isso em contexto, percebi que a questão não é “conveniência > privacidade temporária”, e sim “compartilhar orgulho < manter controle”. O orgulho que tenho pelos meus filhos, e o desejo resultante de compartilhar isso para todo mundo saber não compensa a falta de controle que eles terão sobre a identidade online e anonimato no futuro.
Então usei uma dica do artigo de Amy Webb e expandi algo que já tinha feito – além de remover todos os arquivos de mídia com eles da internet pública, criei uma espécie de poupança digital para eles. Registrei nomes de domínio e contas de e-mail para os garotos. Eles podem nunca usar, mas ao menos terão a opção de usá-las no futuro, e isso lhes dará uma vantagem para eles controlarem a identidade digital quando chegarem à idade certa para isso.
Pode ser inevitável que eles cresçam e tenham câmeras e contas em mídias sociais para compartilharem todos os detalhes mundanos e embaraçosos da vida deles, com o Facebook e o Google usando tudo isso para publicidade. E que seja assim, já que é este o mundo em que vivemos. Como pai deles, não acho que meu trabalho seja isolar meus filhos do mundo, e sim prepará-los para eles serem pessoas melhores no futuro. Na maior parte do tempo isso significa prepará-los com o conhecimento e ferramentas que eles precisam, e neste caso significa compreender que não preciso compartilhar meu orgulho no formato de mídia digital para que esse orgulho existe, e neste processo isso significa proteger a identidade digital para que eles mesmos façam uma bagunça com ela quando estiverem prontos para isso.
Para ser sincero, além de definir permissões de privacidade no Facebook, não me preocupava muito ao compartilhar fotos dos meus filhos com a internet. Mantenho este blog (em diversos formatos diferentes) há quase uma década, e compartilhar coisas nele foi basicamente o que fiz nesse tempo. É meio que a essência dele. E, nos últimos anos, passei a escrever menos e postar mais no Facebook, mantendo o pensamento de “minha vida é um livro aberto” na rede social.
Minha visão sobre o compartilhamento de fotos das crianças era sempre das vantagens de ter uma maneira simples e centralizada de mostrar o crescimento delas para parentes que estão a milhares de quilômetros de distância, e isso superava a ameaça de pessoas estranhas terem acesso a elas.
Meses atrás li a opinião de Jeremy Goldkorn sobre o assunto. O artigo em si é ótimo para refletir, mas foi o seguinte trecho que fez mais sentido para mim:
Não é apenas sobre privacidade, mas também a identidade dos seus filhos. Somos seres humanos, não amebas. Como você se sentiria se a sua mãe e pai controlassem a sua presença em mídias sociais? É isso o que você faz com seus filhos.Resisti um pouco antes de admitir, e aparentemente muitos outros leitores também, que agora vivemos em um mundo extremamente interconectado onde a privacidade não é simples como costumava ser. Eu pensava nisso estritamente como uma questão de “privacidade”, e achava que manter fotos de bebê na internet não era nada demais.
Nos meses seguintes, retornei ao tópico algumas vezes e passei a questionar mais essas coisas. Em resposta a Jeremy, John Biesnecker colocou o seguinte ponto em discussão:
Minha esposa e eu temos regras rígidas para postar coisas, e a mais básica delas é nunca postar algo que nós nos envergonharíamos caso nossos pais tivessem postado algo semelhante quando éramos crianças. Isso significa fazer escolha por nossos filhos? Sim, mas virtualmente tudo o que fazemos como pais de crianças pequenas significa escolha por eles – e algumas dessas escolhas têm impactos reais, materiais e imediatos na vida delas, impactos maiores do que postar uma foto no Facebook.Vale notar que John trabalha no Facebook, e podemos considerar que ao menos parte da sua opinião está alinhada com o que pensa a empresa. No entanto, ele levanta um ponto interessante sobre atuar como um guardião da identidade online do seu filho. E isso nos leva ao meu ponto de ruptura, o artigo de Amy Webb no Slate, onde ela compartilha a história de “Kate” e seus pais orgulhosos que adoram compartilhar tudo o que ela faz:
Seu ponto é bom, mas você não discorre sobre a inevitável identidade de uma pessoa sendo exposta na internet. Se isso é realmente inevitável – e eu concordo que é – então é muito melhor controlar essa narrativa na medida do possível do que permitir que ela seja moldada para você por outras pessoas.
Com cada atualização de status, vídeo do YouTube e post de aniversário em blog, os pais de Kate tiram dela qualquer esperança de anonimato no futuro.Isso me forçou a refletir profundamente para entender por que eu compartilho fotos dos meus filhos. Conveniência? Claro. Mas existem outras maneiras convenientes de compartilhar fotos com a família que não envolvem o risco dos meus filhos serem usados em propagandas ou aparecerem com destaque nas buscas do Google Imagens para todo o sempre. Zoë Stagg atribui isso ao ego, e mesmo que existam evidências para sustentar isso, prefiro acreditar que foi o orgulho que me levou a compartilhar.
Isso cria alguns desafios óbvios para a Kate do futuro. Já é difícil por si só atravessar a puberdade. Por que então tornar centenas de fotos embaraçosas, facilmente acessíveis na internet para os futuros pretendentes da Kate? [...]
Há um problema mais traiçoeiro, no entanto, que vai perseguir Kate durante toda a sua vida adulta. Diversas aplicações, sites e tecnologias vestíveis apostam em reconhecimento facial hoje em dia, e a identificação biométrica está começando a ganhar força. Em 2011, um grupo de hackers desenvolveu um app que permite scannear rostos e imediatamente mostrar nomes e detalhes básicos biográficos, diretamente no seu smartphone. Desenvolvedores já criaram uma API funcional de reconhecimento facial para o Google Glass. Por mais que o Google tenha proibido apps oficiais de reconhecimento de rosto, ele não pode evitar que não-oficiais sejam lançados. É bem valioso ter acesso em tempo real de informações detalhadas de pessoas com quem interagimos.
A forma mais simples de evitar isso é não criar um conteúdo digital em primeiro lugar, especialmente para crianças. Os pais de Kate não apenas enviaram uma ou duas fotos dela: criaram dados que permitirão que algoritmos aprendam sobre ela conforme o tempo passe. Qualquer esperança de Kate manter uma vida no anonimato acabou com aquele canal do YouTube das suas aulas de balé.
Claro que orgulho do desenvolvimento dos seus filhos é um dos melhores orgulhos que uma pessoa pode ter. Mas depois de colocar isso em contexto, percebi que a questão não é “conveniência > privacidade temporária”, e sim “compartilhar orgulho < manter controle”. O orgulho que tenho pelos meus filhos, e o desejo resultante de compartilhar isso para todo mundo saber não compensa a falta de controle que eles terão sobre a identidade online e anonimato no futuro.
Então usei uma dica do artigo de Amy Webb e expandi algo que já tinha feito – além de remover todos os arquivos de mídia com eles da internet pública, criei uma espécie de poupança digital para eles. Registrei nomes de domínio e contas de e-mail para os garotos. Eles podem nunca usar, mas ao menos terão a opção de usá-las no futuro, e isso lhes dará uma vantagem para eles controlarem a identidade digital quando chegarem à idade certa para isso.
Pode ser inevitável que eles cresçam e tenham câmeras e contas em mídias sociais para compartilharem todos os detalhes mundanos e embaraçosos da vida deles, com o Facebook e o Google usando tudo isso para publicidade. E que seja assim, já que é este o mundo em que vivemos. Como pai deles, não acho que meu trabalho seja isolar meus filhos do mundo, e sim prepará-los para eles serem pessoas melhores no futuro. Na maior parte do tempo isso significa prepará-los com o conhecimento e ferramentas que eles precisam, e neste caso significa compreender que não preciso compartilhar meu orgulho no formato de mídia digital para que esse orgulho existe, e neste processo isso significa proteger a identidade digital para que eles mesmos façam uma bagunça com ela quando estiverem prontos para isso.
Este post foi publicado originalmente em RyanMcLaughlin.com
Nota do Blog: Achei um tanto quanto exagerada a preocupação do autor do texto. Claro que devemos tomar certos cuidados em relação a nossa privacidade na rede e não devemos informar além do limite. Mas, qual é o limite? Creio que cada ser humano deva estipular um limite de compartilhamento de informações pessoais e isso fica a critério de cada um. O que você acha querido leitor? O texto é exagerado ou veio bem a calhar para o momento em que vivemos e compartilhamos informações em redes sociais?
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