A gula e as manobras missionárias de Paulo



A palavra mais apropriada para descrever a atividade missionária de Paulo é gula. Ele quer anunciar Cristo a todo mundo e está disposto a fazer todas as manobras necessárias para ser bem-sucedido (1Co 9). Paulo é um homem livre e não é escravo de ninguém, mas se “faz escravo de todos a fim de ganhar para Cristo o maior número possível de pessoas” (v. 19).

Paulo não está debaixo da lei de Moisés, mas vive como se estivesse debaixo dessa lei: “para ganhar os judeus para Cristo” (v. 20). Paulo não é gentio, mas vive como gentio “a fim de ganhar os não judeus para Cristo” (v. 21). Paulo não é um fraco na fé, mas se torna um fraco na fé “a fim de ganhá-los para Cristo” (v. 22).

Paulo se abre e explica: “Eu me torno tudo para todos a fim de poder, “de qualquer maneira possível”, salvar alguns [ou de ganhar pelo menos alguns para Cristo]” (v. 22). No capítulo seguinte, ele repete: “Procuro agradar a todos em tudo o que faço, não pensando no meu próprio bem, mas no bem de todos, a fim de que eles possam ser salvos” (1Co 10.33). Na epístola aos Romanos, Paulo insiste: “É meu dever pregar a todos, tanto aos civilizados como aos não civilizados, tanto aos instruídos como aos sem instrução” (Rm 1.14).

Isso é ou não é gula missionária? Essa determinação e essa disposição de buscar uma estratégia certa na evangelização de diferentes grupos de pessoas definem o que é amor pelas almas ou paixão missionária. Paixão missionária nada mais é do que a preocupação com os pecadores não perdoados e, portanto, não salvos, e a vontade irresistível de ganhá-los para Cristo, nem que sejam apenas “alguns”.

Nesse mesmo capítulo, Paulo fornece outros indícios de sua gula missionária. Ele diz: “Afinal de contas, fazer isso [ganhar os pecadores para Cristo] é minha obrigação”. E acrescenta: “Ai de mim se não anunciar o evangelho!” (v. 16). A carreira missionária de Paulo não era uma profissão, um emprego, uma atividade remunerada, mas era “a satisfação de anunciar o evangelho [e ganhar almas para Cristo] sem cobrar nada e sem exigir os direitos que tenho como pregador do evangelho” (v. 18).

A preocupação de Paulo não é ganhar almas para uma igreja tal, uma denominação tal, um movimento tal, um líder tal, mas ganhá-las “para Cristo”.

Isso mostra que, pelo menos no primeiro século, a pessoa e o sacrifício de Jesus eram o centro absoluto do cristianismo.

Paulo é assim tão cristocêntrico por causa de sua dramática conversão quando ele ainda era uma ameaça para os cristãos. À entrada de Damasco, lá pelo ano 37, ele ouviu e viu pessoalmente o Senhor Jesus, como ele mesmo afirma, logo no primeiro verso de 1 Coríntios 9. O encontro do até então perseguidor com o Perseguido gerou a gula e as manobras missionárias de Paulo! Graças a Deus!

Fonte:
Ultimato - Elben César

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