Deus não quer que fiquemos apenas orando

*Marcelo N Sancho
Reflexão para meus irmãos e amigos da Igreja de Cristo
Vivemos em uma sociedade cada vez mais individualista, onde as pessoas buscam o melhor para si em detrimento do outro, se esquecendo que somos seres sociais, que somos livres e felizes apenas em sociedade. Imaginemos por exemplo, deixar uma criança perdida, sozinha em meio a uma floresta. Com certeza essa criança não se tornará um humano ao crescer. E não precisamos imaginar tal coisa, pois isso já aconteceu.
Em setembro de 1799, um menino, de cerca de 12 anos de idade, foi encontrado perto da floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de quatro e não falava uma palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais e cresceu sozinho na floresta. O menino, a quem lhe deram o nome de Victor, foi levado para Paris, onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard. Durante 5 anos o Dr.Itard dedicou-se a ensinar Victor a falar, a ler, a se comportar como um ser humano, mas seus esforços foram em vão. Pouco progresso foi conseguido durante esse tempo. Victor nunca falou e aprendeu a ler somente uma palavra (leite). Não era mais o menino selvagem de quando fora encontrado mas, também, não se tornou humano.
Kaspar Hauser apareceu para a sociedade em 1828, numa praça do centro de Nuremberg. Tinha cerca de 16 anos de idade e falava de modo confuso; suas palavras eram pouco inteligíveis. Sua vida passada era um mistério, porém tudo indica que ele vivera preso em um celeiro desde o seu nascimento. Teve pouco contato com outros homens. Da mesma forma que Victor, Kaspar foi educado por seu tutor e, ao contrário de Victor, aprendeu a ler e escrever, pelo menos num certo nível em que era possível a comunicação com outras pessoas. Seu raciocínio, contudo, não foi muito adiante. Continuava a ser a mesma criança do dia em que fora encontrado. Sua visão não enxergava em perspectiva e também não conseguia apreender conceitos abstratos, como Deus e religião, apesar dos esforços de padres e educadores. Morreu 5 anos depois, assassinado, e seu passado misterioso nunca foi desvelado.
Em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna na Índia, duas crianças que viviam entre lobos. Suas idades presumíveis eram de 2 e 8 anos. Deram-lhes os nomes de Amala e Kamala, respectivamente. Após encontrá-las, o rev. Singh levou-as para o orfanato que mantinha na cidade de Midnapore. Foi lá que ele iniciou o penoso processo de socialização das duas "meninas-lobo". Elas não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que de dia. Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada. Kamala viveu por mais oito anos sem, contudo, aprender a falar, ler, usar o banheiro ou a ter qualquer comportamento que pudesse ser considerado próprio de seres humanos. A única emoção que demonstrou em todos esses anos foi algumas lágrimas que caíram de seus olhos, no dia em que Amala morreu.
O que esses exemplos têm em comum é que eles retratam pessoas que foram privadas de contato humano durante sua infância. Sem contato humano não conseguimos nos tornar seres humanos de fato: a aparência pode ser humana, mas o comportamento é de outra espécie. O homem, portanto, só pode ser homem se viver em sociedade.
Por isso o nosso Deus, que nos fez sua imagem e semelhança(ver Gênesis 1,26), não é solitário. Ele é Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto é loucura, é antinatural esse modo de vida que hoje levamos, onde pensamos apenas em nós mesmos, buscamos satisfação para nós mesmos, queremos o agir de Deus exclusivamente para nós. Essa cultura individualista, transmitida pela ideologia neo-liberal como ápice da liberdade, na verdade nos desumaniza, nos escraviza ao pecado do egoismo, da indiferença ao próximo.
Como cristãos, como servos do Deus vivo, não podemos aceitar esse tipo de sociedade. Não temos a possibilidade de optar entre viver ou não em sociedade, mas, pelo menos, podemos escolher qual o tipo de sociedade em que desejamos viver. E com certeza não é nesse tipo de sociedade produzida pelo neo-liberalismo, individualista, egoista, que valoriza o ter e não o ser, que promove injustiça social e violência, que desejamos viver.
E o que fazemos? Continuamos indiferentes a essa realidade ou agimos para mudar, para transformar essa realidade? E como agir? Muitos acham que esse agir deve limitar-se a oração, deixando para Deus a tarefa do transformar. Entretanto ao ler a Palavra desse Deus, podemos ler:
Deus não quer que fiquemos apenas orando, esperando que apenas Ele faça o trabalho. O Senhor nos ordena a ser seu instrumento, nos ordena a ser a árvore que tornou doce a água do lago para que os hebreus a bebessem. Nos ordena para que retiremos a pedra do sepúlcro.
O Pastor batista Martin Luther King Jr obedeceu essa ordem, organizou os negros americanos para que lutassem por seus direitos, e hoje esses negros não somente possuem seus plenos direitos de cidadania, como também possuem um dos seus na presidência do país. Nunca mais vão andar na parte de trás do ônibus.
Na Alemanha, o Pastor luterano Dietrich Bonhoeffer não se calou diante da barbárie nazista, organizou a resistência cristã contra esse regime criminoso e desumano, motivo pelo qual morreu como mártir em um campo de concentração. E hoje ninguém mais aceita que esse tipo de barbárie volte a ocorrer. Na África do Sul, o Bispo anglicano Desmond Tutu participou da luta contra o regime racista do Apartheid, mobilizando o povo negro para lutar contra a opressão. E hoje a África do Sul é uma democracia multirracial, onde o Apartheid não passa de lembranças tristes e dolorosas de um passado que ninguém mais quer reviver.
E nós, o que fazemos diante dessa ordem dada pelo Senhor??? Para começar, deixemos de pensar que somos batistas, metodistas, presbiterianos, adventistas promessistas, anglicanos, congregacionistas, assembleanos, etc. Vamos pensar que somos CRISTÃOS, que somente juntos poderemos agir para mudar essa realidade. Isso não significa que vamos abandonar nossas identidades, os nossos meios de louvar e servir ao Deus vivo. Mas vamos deixar de lado o diferente que nos separa, que é tão pequeno, e olhar para aquilo que nos une, que é tão grande e maravilhoso, permitindo assim que nos tornemos realmente instrumentos do Deus vivo de Israel!
Em setembro de 1799, um menino, de cerca de 12 anos de idade, foi encontrado perto da floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de quatro e não falava uma palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais e cresceu sozinho na floresta. O menino, a quem lhe deram o nome de Victor, foi levado para Paris, onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard. Durante 5 anos o Dr.Itard dedicou-se a ensinar Victor a falar, a ler, a se comportar como um ser humano, mas seus esforços foram em vão. Pouco progresso foi conseguido durante esse tempo. Victor nunca falou e aprendeu a ler somente uma palavra (leite). Não era mais o menino selvagem de quando fora encontrado mas, também, não se tornou humano.
Kaspar Hauser apareceu para a sociedade em 1828, numa praça do centro de Nuremberg. Tinha cerca de 16 anos de idade e falava de modo confuso; suas palavras eram pouco inteligíveis. Sua vida passada era um mistério, porém tudo indica que ele vivera preso em um celeiro desde o seu nascimento. Teve pouco contato com outros homens. Da mesma forma que Victor, Kaspar foi educado por seu tutor e, ao contrário de Victor, aprendeu a ler e escrever, pelo menos num certo nível em que era possível a comunicação com outras pessoas. Seu raciocínio, contudo, não foi muito adiante. Continuava a ser a mesma criança do dia em que fora encontrado. Sua visão não enxergava em perspectiva e também não conseguia apreender conceitos abstratos, como Deus e religião, apesar dos esforços de padres e educadores. Morreu 5 anos depois, assassinado, e seu passado misterioso nunca foi desvelado.
Em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna na Índia, duas crianças que viviam entre lobos. Suas idades presumíveis eram de 2 e 8 anos. Deram-lhes os nomes de Amala e Kamala, respectivamente. Após encontrá-las, o rev. Singh levou-as para o orfanato que mantinha na cidade de Midnapore. Foi lá que ele iniciou o penoso processo de socialização das duas "meninas-lobo". Elas não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que de dia. Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada. Kamala viveu por mais oito anos sem, contudo, aprender a falar, ler, usar o banheiro ou a ter qualquer comportamento que pudesse ser considerado próprio de seres humanos. A única emoção que demonstrou em todos esses anos foi algumas lágrimas que caíram de seus olhos, no dia em que Amala morreu.
O que esses exemplos têm em comum é que eles retratam pessoas que foram privadas de contato humano durante sua infância. Sem contato humano não conseguimos nos tornar seres humanos de fato: a aparência pode ser humana, mas o comportamento é de outra espécie. O homem, portanto, só pode ser homem se viver em sociedade.
Por isso o nosso Deus, que nos fez sua imagem e semelhança(ver Gênesis 1,26), não é solitário. Ele é Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto é loucura, é antinatural esse modo de vida que hoje levamos, onde pensamos apenas em nós mesmos, buscamos satisfação para nós mesmos, queremos o agir de Deus exclusivamente para nós. Essa cultura individualista, transmitida pela ideologia neo-liberal como ápice da liberdade, na verdade nos desumaniza, nos escraviza ao pecado do egoismo, da indiferença ao próximo.
Como cristãos, como servos do Deus vivo, não podemos aceitar esse tipo de sociedade. Não temos a possibilidade de optar entre viver ou não em sociedade, mas, pelo menos, podemos escolher qual o tipo de sociedade em que desejamos viver. E com certeza não é nesse tipo de sociedade produzida pelo neo-liberalismo, individualista, egoista, que valoriza o ter e não o ser, que promove injustiça social e violência, que desejamos viver.
"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância."(João 10: 10).O nosso Deus se fez homem para que tenhamos vida em abundância, mas essa cultura perversa nos nega essa abundância, alias nega até mesmo a própria vida para a maior parte da humanidade. O neo-liberalismo quer apenas roubar, matar e destruir, basta observar a crise economica, a fome na África, a guerra no Iraque e no Afeganistão, a recusa das elites yankees em garantir para o seu próprio povo, o direito a um sistema público e gratuito(ou no mínimo acessível financeiramente). Aqui mesmo no Brasil, onde milhares morreram ano passado devido a epidemia de Dengue, e não pelo virus ser mais agressivo, mas pelo abandono da saúde em nosso país, onde o setor público está falido e o setor privado está entregue a quem deseja apenas lucrar a qualquer preço.
E o que fazemos? Continuamos indiferentes a essa realidade ou agimos para mudar, para transformar essa realidade? E como agir? Muitos acham que esse agir deve limitar-se a oração, deixando para Deus a tarefa do transformar. Entretanto ao ler a Palavra desse Deus, podemos ler:
"Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam água. Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? E ele clamou ao SENHOR, e o SENHOR mostrou-lhe uma árvore, que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces. Ali lhes deu estatutos e uma ordenança, e ali os provou." (Êxodo 15: 22-25)Aqui cabe importante reflexão. Deus em Seu poder, já havia feito secar o mar para que os hebreus iniciassem a sua caminhada para a libertação, portanto poderia muito bem ter feito a água tornar-se salubre diretamente. Porém assim não fez. Mostrou a Moisés uma árvore (instrumento) e este usando do recurso dado pelo Senhor, fez as águas tornaram-se doces. O mesmo podemos observar em João 11: 39-41, quando ao ressucitar Lázaro, o Senhor Jesus não retira milagrosamente a pedra da entrada do sepúlcro, mas ordena aos homens que a retirem.
Deus não quer que fiquemos apenas orando, esperando que apenas Ele faça o trabalho. O Senhor nos ordena a ser seu instrumento, nos ordena a ser a árvore que tornou doce a água do lago para que os hebreus a bebessem. Nos ordena para que retiremos a pedra do sepúlcro.
O Pastor batista Martin Luther King Jr obedeceu essa ordem, organizou os negros americanos para que lutassem por seus direitos, e hoje esses negros não somente possuem seus plenos direitos de cidadania, como também possuem um dos seus na presidência do país. Nunca mais vão andar na parte de trás do ônibus.
Na Alemanha, o Pastor luterano Dietrich Bonhoeffer não se calou diante da barbárie nazista, organizou a resistência cristã contra esse regime criminoso e desumano, motivo pelo qual morreu como mártir em um campo de concentração. E hoje ninguém mais aceita que esse tipo de barbárie volte a ocorrer. Na África do Sul, o Bispo anglicano Desmond Tutu participou da luta contra o regime racista do Apartheid, mobilizando o povo negro para lutar contra a opressão. E hoje a África do Sul é uma democracia multirracial, onde o Apartheid não passa de lembranças tristes e dolorosas de um passado que ninguém mais quer reviver.
E nós, o que fazemos diante dessa ordem dada pelo Senhor??? Para começar, deixemos de pensar que somos batistas, metodistas, presbiterianos, adventistas promessistas, anglicanos, congregacionistas, assembleanos, etc. Vamos pensar que somos CRISTÃOS, que somente juntos poderemos agir para mudar essa realidade. Isso não significa que vamos abandonar nossas identidades, os nossos meios de louvar e servir ao Deus vivo. Mas vamos deixar de lado o diferente que nos separa, que é tão pequeno, e olhar para aquilo que nos une, que é tão grande e maravilhoso, permitindo assim que nos tornemos realmente instrumentos do Deus vivo de Israel!
Fonte: Por email de *Marcelo N Sancho:
Marcelo é professor de filosofia e servo do Deus vivo, um simples e humilde iniciante da caminhada que leva a libertação, que mesmo vacilante e até mesmo fraco na fé, se orgulha em ter aceito Jesus como seu único e suficiente Salvador.
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